Quando ainda era um jovem estudante, o mestre Tan-Tan viajava todos os anos para visitar um templo em construção. A cada visita, frustrava-se por ver que a obra não avançava. Avistavam-se ferramentas, carrinhos de pedras e cimento, paredes incompletas e superfícies sem pintura. Depois de inúmeras viagens, desistiu de visitar o templo.
Já no fim de sua vida, Tan-Tan lembrou-se do templo e foi visitá-lo, acompanhado de um monge noviço que estudava com ele. Em todos aqueles anos, praticamente nada havia mudado. Ferramentas, pedras, madeira e pouca diferença no aspecto da construção. Tan-Tan olhou para o templo com os olhos marejados e um sorriso. O monge perguntou:
— Mestre, porque choras e sorri ao mesmo tempo?
— Estou emocionado porque não esperava que fosse ver a beleza desse templo ainda durante minha vida.
Confuso, olhando para o estado de coisas à sua volta, o monge inquiriu:
— Não entendo, mestre. O templo parece tão inacabado quanto o senhor havia me descrito.
— É verdade, meu jovem e querido discípulo. Só agora eu pude ver que o que estava inacabado era eu mesmo. Já não há mais obstáculos nos meus olhos. Posso finalmente apreender a beleza do templo, que sempre esteve aqui para ser desfrutada.
Foto por Zhiyue Xu.
Maravilhoso. Somos nós. Saudade de você.
Obrigado, Bete ☺