B. F. Skinner (1904-1990) é um dos nomes mais importantes da história da psicologia, junto com Sigmund Freud, Carl Jung, Carl Rogers, William James, entre outros. A proposta de Skinner era uma psicologia científica e objetiva. Embora tenha muitos críticos — que muitas vezes não entendem bem a sua obra — Skinner nos possibilitou compreender o comportamento humano de uma forma mais clara.
Um dos princípios básicos da teoria comportamental de Skinner é a de que agimos em função das consequências que o nosso comportamento produz. Ou seja, aquilo que conseguimos com o que fazemos é o que molda nossa forma de agir. Quando o nosso comportamento produz uma consequência agradável (por exemplo, quando tentamos puxar papo com alguém interessante numa festa e temos sucesso), ocorre um processo chamado de reforçamento positivo. Quando nosso comportamento faz com que evitemos uma consequência desagradável (por exemplo, quando deixamos de falar o que pensamos para evitar um conflito), o processo é chamado de reforçamento negativo. Nos dois casos, tendemos a continuar agindo da mesma maneira, mas a forma como nos sentimos é bastante diferente, bem como os efeitos a longo prazo na nossa vida.
Embora as situações reais sejam bem mais complexas do que isso, podemos usar esses conceitos básicos para começar a entender o nosso comportamento. Uma das coisas com as quais me preocupo quando começo a atender uma pessoa é o quanto os comportamentos dela estão relacionados ao reforçamento negativo. Uma pessoa que só age por reforçamento negativo é aquela que tem poucos prazeres na vida, poucos bons momentos, poucas situações em que se sente realizada, bem sucedida e alegre. Geralmente ela é muito preocupada com tudo que pode dar errado, é ansiosa, defensiva e tem seu comportamento voltado a evitar qualquer situação que ofereça o mínimo de risco. Embora, com isso, ela ache que está mais protegida, no fim ela deixa de fazer muitas coisas que gostaria. Por isso, raramente se sente feliz. Além disso, todos esses comportamentos de evitação a levam a ficar mais e mais ansiosa e seus medos se tornam mais intensos.
Acho que vale a pena uma reflexão sobre esse aspecto na sua vida. Você se vê tendo momentos de prazer? Costuma fazer o que gosta? Sente que sua vida segue na direção dos seus objetivos? Ou se percebe evitando situações, não tendo coragem de ir atrás do que sonha, preocupa-se em excesso? Se você se identifica predominantemente com o segundo padrão, vale a pena pensar em mudar.
Não vou mentir: essa mudança não é fácil. Geralmente temos bons motivos para evitar certas situações e nos preocupar tanto. Nos vemos, então, no dilema entre correr riscos e nos manter seguros. Ir atrás do que desejamos envolve grandes riscos. Para chegar nessa vida boa com que sonhamos precisamos atravessar nossos maiores medos. Você pode escolher nunca ir atrás do que realmente importa. O que eu aprendi com as pessoas com que atendo, no entanto, é que enfrentar os medos e buscar viver da forma que se quer viver é sempre libertador.