“Mesmo uma vida feliz não pode existir sem uma medida de escuridão, e a palavra feliz perderia seu significado se não fosse equilibrada pela tristeza. É muito melhor levar as coisas da forma como elas vêm, com paciência e equanimidade.”
Carl Jung
Aparentemente, estamos ficando cada vez menos tolerantes aos sentimentos negativos. Temos visto as dificuldades emocionais — tristeza, solidão, ansiedade, angústia — como um problema de saúde, e não como um aspecto natural da vida. Encaramos isso como algo anormal, doenças a serem tratadas. De fato, em muitos casos, a intensidade desses sentimentos pode ser tão alta que nos impede de viver normalmente e aí uma intervenção médica pode ser bem vinda; mas com isso a noção de que se sentir mal é errado e anormal se difunde.
Não é agradável se sentir mal. A tristeza dói. É natural querer livrar-se dela. Mas o que, no longo prazo, faz mais sentido? Tentar evitar toda e qualquer situação que possa causar tristeza, mesmo que isso faça com que deixemos de nos envolver em atividades que são importantes para nós? Recorrer a soluções artificiais, como medicamentos, desnecessariamente? Ou aceitar e incorporar os momentos de tristeza nas nossas vidas?
As duas primeiras soluções parecem mais lógicas e tentadoras. E é o que tendemos a fazer de imediato. Entretanto, ao tentar evitar a tristeza, seja através do entretenimento, do uso de drogas ou medicamentos, estamos criando um monstro maior. Quando ela voltar, voltará mais forte. E aí precisaremos de doses maiores de distrações, criando dependência. Querer “resolver” a tristeza nos torna, paradoxalmente, mais vulneráveis a ela.
A contrapartida também é verdadeira. Quanto mais aprendemos a tolerar e a viver com a tristeza, menos ameaçadora ela se torna. Tornamo-nos mais resistentes e fortes às adversidades, pois conseguimos continuar vivendo mesmo enquanto nos sentimos mal. Não temos que parar tudo que estamos fazendo para buscar uma saída, uma resolução para o sentimento negativo. Podemos continuar caminhando com ele ao nosso lado e eventualmente ele desaparecerá.
Os momentos de tristeza também são importantes pois são neles que refletimos e avaliamos as nossas vidas. A tristeza nos possibilita perceber o que não está bom, identificar os aspectos que nos incomodam, o que não está satisfatório. E, se soubermos aproveitar esse momento, podemos mudar. Quando estamos felizes, a mudança nos assusta pois envolve colocar em risco nossa satisfação. A tristeza, por outro lado, especialmente quando estamos nos sentindo “no fundo do poço”, nos torna extremamente abertos para a mudança, pois já não temos nada a perder.
Nossa sociedade hedonista dá a ideia, através das propagandas, filmes, seriados, de que a tristeza é algo ruim, a ser evitado ou eliminado a qualquer custo. Mas isso não só é impossível como também improdutivo, se queremos viver de maneira plena e verdadeira. Cultivar a aceitação, a compreensão e a amizade em relação à própria tristeza nos permite uma vida com mais reflexão, paciência e abertura, o que nos levará, a longo prazo, a uma maior felicidade. Por mais absurdo que possa parecer, para ser feliz é preciso também ser triste.
– A tristeza, por outro lado, especialmente quando estamos nos sentindo “no fundo do poço”, nos torna extremamente abertos para a mudança, pois já não temos nada a perder. – Fato.
Mas O Que Fazer Quando Ela já Se Tornou Nossa Melhor Amiga ? Quando Já Estamos Adaptados A Tristeza, Quando Agimos Como Um Robô, Programado Para Tudo.
Encaramos o fato de que não temos mais nada a perder, pode não ser tão difícil, mais encara a realidade de que estamos no fundo do poço e não temos nada a ganhar não temos nada a nossa frente. Como nós encontramos?