Conta-se uma história sobre o monge budista Ajah Chah, que teria um certo apego a um copo específico, do qual ele gostava de beber. Sendo um dos ensinamentos do budismo a o desapego, seus alunos o questionaram em relação a esse apreço a algo tão material quanto uma taça. O mestre respondeu:
É verdade, eu gosto desse copo. Gosto como ele contém meu chá. Admiro a forma como o sol brilha através dele, sempre criando arco-íris. É o meu copo favorito, mas eu não me apego a ele, porque para mim esse copo já está quebrado. Eu sei que meu tempo com ele é temporário e precioso. Então eu aproveito esse copo enquanto ele dura, pois estou totalmente consciente de que eventualmente ele vai cair da prateleira ou ser derrubado e quebrar. E quando isso acontecer, eu direi: “é claro”.
Quando pensamos na ideia de impermanência, é muito comum que caiamos numa perspectiva niilista de que “se tudo passa e acaba, então nada vale a pena”. A beleza dessa história é a de mostrar que, ao entendermos que tudo passa, podemos ter a postura oposta, valorizando e aproveitando cada momento que temos.
Se pensarmos que as coisas que temos já estão quebradas, os empregos já perdidos, os relacionamentos terminados e as pessoas – inclusive nós mesmos – mortas, perceberemos cada momento em que isso ainda não aconteceu como precioso. E, quando as inevitáveis mudanças surgem, as enxergamos com naturalidade e serenidade.
Foto: Todd Cravens
Gostei Rodrigo, a ideia de já estar quebrado tira o peso, traz leveza, desejo de viver e realmente aproveitar nosso tempo, nossas experiências. Continue escrevendo e trazendo suas contribuições! Abraços, Luciene
Oi, Luciene, obrigado pela leitura. Um abraço.