Nós geralmente acreditamos que um modo ansioso de pensar — em que antecipamos, imaginamos cenários, preparamos e planejamos — é indispensável para a ação. Achamos que se pudermos prever todas as possibilidades e desenhar cursos de ação, nos cobrarmos por condutas e soluções perfeitas, conseguiremos fazer aquilo que desejamos e finalmente transformar a nossa vida naquela que idealizamos.
Só que a ansiedade é baseada no medo. Nosso pensamento ansioso — e as ações que derivam dele — tem uma única função: evitar qualquer tipo de problema. Não queremos fracassar, falhar, fazer algo a menos do que achamos que deveríamos. Procuramos evitar qualquer possibilidade de vergonha, avaliação negativa, julgamento e risco.
Dessa forma, criamos uma série de condições para a ação: farei isso no dia em que tiver mais tempo, mais dinheiro, mais estabilidade. Em suma, tudo aquilo que nossa mente diz que significa mais segurança. “Vou agir, mas apenas quando me sentir totalmente seguro para isso.”
Como podemos agir se a base para as nossas ações é o medo? Ações significam mudança; como podemos mudar algo se estamos apegados à ideia de segurança?
O modo ansioso de pensar e funcionar não é um motor para a ação; é um obstáculo. Ele nos coloca na espera de condições perfeitas — que nunca chegam — para agir. Ou, quando a ação acontece, por conta de todos os medos, é uma ação travada, como se estivéssemos com o freio de mão puxado.
Isso não significa que a alternativa sejam as atitudes inconsequentes e impulsivas. É possível agir de forma natural, dentro do que as circunstâncias permitem, reagindo ao desenrolar das situações. Com base na vontade, no desejo, no sentido, as nossas ações podem seguir um fluxo em consonância com o que é apresentado a nós. Pode significar estar parado ou correr. Essa ação natural não força nem resiste. Sem as barreiras criadas pela mente, ela apenas flui em conjunto com todo o resto.
Foto por Alina Grubnyak no Unsplash.