Existem muitas técnicas de meditação, com diferentes objetivos. A prática mais simples e difundida é chamada de meditação da respiração. Segue a receita:
A meditação da respiração torna você intimamente consciente do ritmo primitivo da sua existência física. (…) Tendo encontrado uma postura estável em que suas costas estejam eretas, direcione toda a sua atenção para a sensação física da respiração conforme ela entra pelas narinas, preenche os pulmões, é pausada, contrai os pulmões, é expelida, pausada novamente e assim por diante. Não controle a respiração; apenas permaneça com uma curiosidade tranquila na consciência do corpo respirando. Se a respiração é curta e superficial, perceba-a como curta e superficial. Se é longa e profunda, perceba-a como longa e profunda. Não há um jeito certo ou errado de respirar.
Stephen Batchelor
Você não precisa se preocupar em sentar no chão com as pernas cruzadas em lótus, se isso não for confortável para você. Você pode se sentar normalmente numa cadeira. O importante é estar em uma posição em que você possa relaxar e ficar algum tempo sem precisar se mexer. Você pode fechar os olhos ou deixá-los semicerrados, olhando para baixo e para a frente.
Ao longo de uma sessão de meditação, a atenção se desviará da respiração muitas e muitas vezes. Não há nenhum problema nisso. Basta trazer gentilmente a atenção de volta ao foco toda vez que você perceber isso acontecendo. Comece aos poucos, meditando por cinco minutos, por exemplo. Conforme for se sentindo capaz, aumente o tempo. Você pode usar um despertador ou um aplicativo (como o Insight Timer) para sinalizar o tempo.
O objetivo da meditação não é atingir nenhum estado de transe ou produzir algum tipo de sensação especial. Ao contrário, é manter contato com o mais básico e banal da existência: simplesmente parar, sentar e respirar. Na meditação deixamos, por um momento, de nos envolver na busca pelo prazer e na fuga da dor que nos move o tempo todo. Em vez disso, convivemos com o tédio. E, através desse tédio, podemos gerar calma, serenidade, clareza e atenção.
Show de bola! Isso mesmo! 🙂
Por que tédio? De modo geral, nós modificamos nosso estado psíquico quando meditamos ou relaxamos, duas coisas bastante associadas. Nosso estado psíquico normal é um estado cujo, digamos, batimento psíquico (metáfora de batimento cardíaco) é alinhado com nossa vida social. Somos ocupados, psiquicamente, pelos pensamentos sociais, desejos sociais, imaginação social. Nossa, digamos, meditação em grande parte consiste em interromper esse pensamento social, abrandá-lo. Não entedia, ao contrário, pelo menos para mim. Diria que limpa -risos. O grande problema, não meu, mas da forma como se considera isso, é que implicitamente se admite que há uma modelagem não-natural do pensamento, e que somos, ou a maioria de nós é, escravos desse pensamento não-natural.